Despedida.
Segunda-feira, 1 de Fevereiro de 2010 16:00
(Autoria de Mário de Andrade – Escritor poeta modernista do Brasil, 1893 -1945)
Contei meus anos
e descobri que terei menos tempo
para viver daqui para a frente
do que já vivi até agora.
Tenho muito mais passado
do que futuro.
Sinto-me como aquele menino
que ganhou uma bacia de jabuticabas.
As primeiras, ele chupou displicente,
mas percebendo que faltam poucas,
rói o caroço.
Já não tenho tempo para lidar com mediocridades.
Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflados.
Inquieto-me com invejosos
tentando destruir quem eles admiram,
cobiçando seus lugares, talentos e sorte.
Já não tenho tempo para conversas intermináveis,
para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias
que nem fazem parte da minha.
Já não tenho tempo para administrar melindres
de pessoas,
que apesar da idade cronológica,
são imaturos.
Detesto fazer acareação de desafetos que brigaram
pelo majestoso cargo de secretário geral do coral.
As pessoas não debatem conteúdos, apenas os rótulos.
Meu tempo tornou-se escasso
para debater rótulos,
quero a essência,
minha alma tem pressa...
Sem muitas jabuticabas na bacia,
quero viver ao lado de gente humana,
muito humana,que sabe rir de seus tropeços,
não se encanta com triunfos,
não se considera eleita antes da hora,
não foge de sua mortalidade...
Só há que caminhar perto de coisas
e pessoas de verdade.
O essencial faz a vida valer a pena.
E para mim, basta o essencial!
Tenha uma Vida Maravilhosa no Essencial!
O Essencial é o Sustentável.